domingo, 8 de fevereiro de 2015

O risco e a recepção da "parceria" Kanye West-Paul McCartney pelo público

Como podem ler aqui antes, Paul McCartney tem se lançado em "parcerias" com artistas novos dos EUA populares com público jovem e a lista se ampliou pra parceria tripla McCartney, Rhianna e Kanye West, e agora mais uma parceria com Lady GaGa, que lançou há pouco um disco com o consagrado cantor Tonny Bennett cantando músicas populares de jazz.

Pois bem, para não emitir juízo de valor sobre as parcerias pois alguém pode acusar de ser "parcial" nas críticas, que tal "ouvirmos a voz das ruas" através de um link do jornal espanhol El País (no Facebook) e ler alguns comentários dos espanhóis sobre a tal parceria:
Paul McCartney acompaña a Lady Gaga en su nuevo álbum (Link da matéria).
01. A primera vista pensé que era una foto de Lady Gaga y su madre...

02. Paul caíste tan bajo

03. No sé quien está más gaga

04. yo no veo a Paul McCartney,sólo veo una señora mayor

05. un proyecto secreto jajjaaj me suena a un "Secret Project" jajjaajja triste

06. Paul no te metas en huachafadas !!

07. Ya no vendes, cierto Paul?

08. Reconoce ya que mataste a lennon

09. Parecen dos momias del museo malote ese de cera de Benidorm.

10. Pop es pop $$$$

11. Paul vive la vida como un auténtico hipi en alguna isla q tendrás alejado de la fama y el dinero y abras dejado el listón bastante alto nivel insuperable dios y vive la vida tu con los tuyos al igual q tus ex compañeros de banda an echo. Yendo a cantar canciones míticas a conciertos en beneficio de algo. Si ya cantas con esta gente... A mi ya se me cae un mito
Se alguém não entender os comentários acima dá pra traduzir (embora dê pra ler sem problemas), mas como podem ver, a recepção foi a pior possível, e isto que a gravação de Lady Gaga com Tonny Bennett tem sido bem recebida pela crítica e tem qualidade (ela tem formação clássica e pode tocar outro tipo de música).

Uma mostra aqui: Lady Gaga And Tony Bennett Perform Cheek To Cheek on The View (Better)


Reforçando que esta má recepção não se deu apenas na Espanha (não é um caso isolado), participo de alguns grupos argentinos e a recepção foi "fria", traduzindo, quando o povo não quer criticar o Paul acaba não comentando ou tratando o assunto com indiferença pra não emitir opinião negativa.

No Wog Blog, blog em inglês dedicado aos Beatles, a maioria dos comentários foram negativos embora haja dois comentários positivos, digamos, "otimistas" em excesso:
Rihanna with Paul and Kanye
01. To me, Paul is just doing what he has been doing for ages, lending a hand when he is asked to help out, when he has the time to do so. Only now it's no secret and it's newsworthy. As for his guitar playing skills, he is at the top of his game right now. And it keeps Kristofer Engelhardt in business!

02. i dont know who rihanna or kanye is but are they musicians?do they play piano or guitar or anything?i have no respect for people in music who don't even have enough talent to play music.

Acha que já viu bastante? Calma que tem mais:

Kanye West fans: “who TF is Paul McCartney?”
The Media Got Trolled Into Thinking Kanye West Fans Don't Know Who Paul McCartney Is
Probably the reason young people are happier
The Decline of Civilization: Kanye West fans wonder on Twitter who this Paul McCartney guy is
Kanye West and Paul McCartney song has Yeezus fans asking who the other guy is

Bom, como podem ver, tirando uma minoria no Brasil que achou normal este tipo de parceria, a receptividade dessas parcerias fora do Brasil não foi das melhores. Eu digo "fora" pois sei que muita gente no Brasil que é fã da banda tem detestado essas parcerias, mas pra evitar atritos e bate-bocas com esse tipo de "discussão", acabam ignorando pra evitar aborrecimento (não deixa de ser uma atitude sensata).

Mas como não acho normal esse tipo de pareceria (razão do post), vou emitir minha opinião sobre e o porquê desse tipo de parceria irritar tanto a fãs dos Beatles mais "ortodoxos".

A razão central pra aversão com esse tipo de parceria do Paul é que Beatles e suas respectivas carreiras solo estão atreladas a gêneros musicais que englobam gente como Led Zeppelin, Pink Floyd, o rock'n'roll dos anos 50, Elvis, The Who, Queen e todo o estrelato britânico do rock dos anos 60, 70 e 80.

Tanto é que o Lennon ou o Harrison nunca se aproximaram dessa forma de artistas pouco consagrados e sem qualidade técnica (tirando a Lady GaGa que faz mais um gênero e já mostrou que pode fazer coisa muito melhor musicalmente pois tem formação musical pra isso), nem o Ringo que vive cercado de monstros da música com sua All-Starr Band e suas várias formações.

O próprio Paul sempre foi ortodoxo com essas aproximações e foi criticado quando mudou de postura na aproximação que fez com o Michael Jackson no estouro global do mesmo e o lançamento de Say Say Say. As críticas era de que houve uma aproximação comercial pra surfar na onda do estouro do outro.

Pausa pra mais risadas (ou choro) com os "fãs" de Kanye West saudando Paul McCartney (Paul who?):


A quem desconhece o porquê dessa "chatice" (ortodoxia) com a carreira solo dos Beatles (e o próprio legado dos Beatles), foi graças a essa ortodoxia (cuidado e zelo com a qualidade das músicas) que os Beatles se tornaram o fenômeno musical que é atualmente (que tem o peso atual mesmo com décadas de fim da banda). Foi esse zelo ortodoxo que criou uma cultura de bootlegs (que no Brasil eram conhecidos como "piratas", apesar do verbete da Wikipedia agora criar uma "polêmica" sobre isso) e propagação do legado da banda. Foi esse zelo dos fãs e de certa forma, "culto à música" (à boa música), que gerou a mitificação da banda globalmente e seu forte impacto musical até hoje.

Então quando algum fã que preza por essas características que deram forma ao fenômeno Beatles, não é uma crítica qualquer ou algo desprezível. Se as parcerias causam um incômodo é porque há algo de equivocado nisto. O tempo confirmará se o zelo procede ou não, mas em geral acaba procedendo vide a "parceria" de palco do Paul com o "Jay Z" (Jay quem? rs) tocando Yesterday de forma esdrúxula (o vídeo da apresentação consta do link logo no começo do post).

Alguns fãs mais xiitas dos Beatles, ou que se portam mais como membros de seita por não aceitarem críticas aos membros da banda, acabam justificando tudo com a máxima de que o Paul faz o que quer (ponto). Eu sempre tive uma visão bastante antipática desse tipo de postura pois digamos que não sou lá "religioso", e considero essas posturas pouco democráticas uma vez que ninguém está atacando à figura do Paul como músico e sim criticando posturas dele como empresário que são posturas criticáveis, como a forma dele não lançar os shows que faz ou das restrições que faz com as transmissões dos shows, algo que uma emissora de TV hoje em dia não está muito propensa a se submeter pra pagar o que ele acha que se deve pagar.

Mas como dizia, quem faz o que quer na carreira solo dele é ele mesmo, este é um falso argumento que corta qualquer discussão. O que se critica é a natureza dessa aproximação por tudo o que foi citado acima e se isso é necessário.

Eu sigo a opinião de que o Paul se equivoca com parte dessas parcerias, exceto o da GaGa (dependendo da música que sair disso), e que não conquistará público teen algum nos EUA e no resto do mundo com isso. Ele já tentou isso antes e não funcionou.

Aos que dizem que o Paul quer apenas "experimentar", sinto ofender esta visão ingênua, mas essa aproximação não é um experimento musical, ele é músico, ele sabe quando certa música tem qualidade ou não e sabe do peso de cada músico globalmente. O problema é que o Paul tem uma certa postura de querer sempre querer estar na crista da onda mesmo não estando mais no seu apogeu musical (o que é normal, faz parte da vida), ele não repetirá aquela explosão da Beatlemania a cada década e não deveria se incomodar com isso tentando forçar uma aceitação no mercado norte-americano gravando músicas com gente musicalmente de qualidade duvidosa (pra não chamar de ruim).

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